A Ria de Aveiro é uma lagoa costeira mesotidal localizada na costa norte de Portugal. Possui uma geometria irregular complexa, caracterizada por grandes áreas entremarés e vários tributários de água doce, que são as principais fontes de nutrientes para a lagoa. A dinâmica entre a propagação das marés e as fontes de nutrientes para a terra modula a produção primária dentro da lagoa. Aqui, a produção primária pode ter dois principais contribuintes: a clorofila na coluna d'água e as microalgas bênticas nos sedimentos do fundo.
Neste trabalho é apresentada uma nova metodologia para calcular microalgas nos sedimentos do fundo, consistindo em acoplar um módulo numérico da camada bentônica a um modelo biofísico. Para realizar o estudo, foram implementados três cenários esquemáticos: O cenário 1 é o caso de referência, onde foram considerados os valores típicos de carga de nutrientes; O cenário 2 dobra as concentrações de carga de nutrientes nos limites dos oceanos e dos rios; O cenário 3 reduz para metade os valores de nutrientes.
Os resultados mostram que um aumento na carga de nutrientes (Cenário 2) causa uma redução da biomassa bentônica, enquanto uma diminuição causa um aumento da biomassa bentônica, impactando a produção primária da lagoa. Em geral, um incremento da concentração de nutrientes na coluna de água favorece o crescimento do fitoplâncton, o que aumenta a biomassa. Isso levará a uma atenuação da intensidade da luz que atinge os sedimentos do fundo, resultando em uma diminuição da produção primária bêntica. O padrão oposto é observado no cenário 3 em resposta à concentração de nutrientes.