O uso de fertilizantes e a gestão dos solos agrícolas em Portugal foram responsáveis pela emissão de 2.77MtCO2eq. (APA, 2021). A este valor acresce uma emissão de 0.91Mt resultante da gestão de estrumes e efluentes pecuários.
Estes valores podem ser substancialmente reduzidos através de práticas alternativas que reduzem emissões de gases de efeito de estufa (CO2, CH4 e N2O) associadas aos fertilizantes sintéticos, estrumes e corretivos de solo e/ou que promovem o sequestro de carbono no solo. A Política Agrícola Comum (PAC) tem vindo a apoiar os agricultores na adoção de algumas dessas práticas alternativas, nomeadamente através das Medidas Agroambientais do PDR 2020. Apesar deste esforço financeiro do País e dos agricultores, não é atualmente possível quantificar os impactos dessas práticas em termos de redução de emissões de GEE e/ou de aumento de sequestro de carbono no solo. Sem esse conhecimento não é possível avaliar o esforço feito, nem refinar os compromissos das agroambientais ou avaliar quais as medidas mais custo-eficazes na redução de emissões ou aumento de sequestro.
A Comissão Europeia, numa avaliação recente (SWD(2021) 115 final), reconhece estas dificuldades à escala Europeia, ao referir “a dificuldade de estabelecer até que ponto as medidas da CAP apoiam as ações de mitigação, devido à falta de uma situação contrafactual, o nível de detalhe em alguns dados da adesão da medida, a ampla gama de potenciais emissões biogénicas, e as dificuldades de agregação das emissões de GEE relatadas no nível do projeto”. Este projeto pretende colmatar esta falha de conhecimento, combinando duas abordagens complementares: (1) criação de uma rede de explorações agrícolas onde as práticas convencionais possam ser comparadas com as suas alternativas e onde sejam acompanhados os teores e as dinâmicas de MO do solo ao longo dos anos e onde ocorram medições de emissões de N2O, CH4 e CO2. (2) comparando pares de agricultores ou parcelas em condições semelhantes, com aplicação da medida agroambiental e sem aplicação (contrafactual), com vista a estimar o impacto real das medidas agroambientais. O projeto irá focar-se nas medidas agroambienais do PDR 2020 com maior expressão em área sob compromisso e identificadas como sendo mais significativas para a mitigação às alterações climáticas: 7.1 Agricultura Biológica; 7.2 Produção Integrada; 7.4 Conservação do Solo; e 7.7.2 Pastoreio Extensivo – Montados.
O projecto é uma parceria entre 12 entidades (coordenadas pela IST-ID) e irá decorrer de 01/04/2022 a 30/06/2025. É financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) (www.recuperarportugal.gov.pt).